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Saúde mental na pós-graduação: como manter a sanidade?

21/01/2020 - Fonte: ESA OAB SP

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Saúde mental na pós-graduação: como manter a sanidade?

 

Ainda pouco conhecida, a “Campanha Janeiro Branco” tem como objetivo estimular a reflexão e o debate sobre temas relacionados à saúde mental e o bem-estar.

Ansiedade, depressão, síndrome de burnout, crises de pânico... Infelizmente, estas palavras são comuns entre estudantes, especialmente na pós-graduação: uma pesquisa publicada em 2019 revelou que 30% dos universitários brasileiros apresentam problemas de saúde mental. Em escala mundial, a situação é ainda mais preocupante, atingindo quase 50% dos estudantes.

Se você está passando por uma situação deste tipo, não deixe de procurar ajuda de um profissional. Reservar uma hora da sua semana para cuidar da sua saúde mental pode significar uma produtividade muito maior e resultados muito mais satisfatórios para a sua pesquisa. E mais: existem lugares que oferecem tratamento psicológico gratuito ou de baixo custo, assim como existem aplicativos que permitem realizar consultas pelo computador ou celular, sem ter que sair de casa.

Além disso, existem algumas pequenas coisas que podemos fazer pela nossa saúde mental para que os estudos sejam uma fonte de crescimento e conhecimento – e não de stress e ansiedade.

 

 

1) Equilíbrio

Conforme os prazos vão se aproximando, a tendência é de que surja uma voz dizendo constantemente que “você deveria estar escrevendo”. Na hora de dormir, de almoçar, de sair com amigos, ou mesmo na ceia de Natal, sempre há aquela voz presente, dizendo que você não está fazendo o suficiente.

E isto vale independentemente de se ter mais ou menos tempo livre: se há necessidade de conciliar os estudos com trabalho, família, relacionamentos, e diversos outros fatores, o tempo livre acaba ficando escasso, e os poucos momentos de descanso se transformam em uma tortura sem fim. Como resultado, o estudante não descansa quando poderia, nem tem uma boa produção quando está escrevendo, pois está mentalmente desgastado.

Saber quando parar para descansar, quando reservar algum tempo para sair de casa, ou para fazer atividades que te façam bem, sem nenhuma relação com a sua pesquisa, é muito importante para que você esteja de fato presente quando for escrever. E não adianta ir ao parque andar de bicicleta, mas ficar pensando naquela citação que ainda não está em ABNT: o desafio é focar no momento presente, e não sofrer por antecipação.

 

2) Planejamento e organização: prazos

É claro que quando os prazos começam a ficar apertados e a entrega do trabalho se aproxima, o stress naturalmente aumenta. Estudar é algo que demanda muito do indivíduo, e que muitas vezes afeta também as pessoas com quem convive.

No entanto, se você for capaz de, desde o início do curso, elaborar um cronograma, organizar as atividades obrigatórias, e reservar tempo para cada uma delas, não há dúvidas de que o momento da entrega será mais tranquilo.

Mas se você não fez isso e já está se vendo atribulado com os prazos, não há problema: nada impede que você crie agora mesmo um cronograma, levando em conta o tempo que ainda tem disponível para finalizar suas tarefas – sejam seis meses ou quinze dias.

Comece fazendo uma lista daquilo que ainda precisa ser feito, e organize conforme a prioridade. Então, veja exatamente quanto tempo você tem disponível para realizar as tarefas, e distribua os meses ou dias conforme a complexidade de cada uma. Se possível, tente sempre calcular uma margem que lhe de folga, para garantir que terminará tudo dentro dos prazos oficiais.

Por exemplo: se eu tenho três semestres para concluir os créditos das disciplinas e entregar a versão parcial da pesquisa (por exemplo quando há banca de qualificação), devo distribuir ao longo desses 18 meses o tempo para cursar as disciplinas, prevendo a carga horária semestral, bem como o tempo para pesquisa, e depois redação. Dependendo da sua área, é possível que a pesquisa seja mais demorada e complexa do que a redação dos resultados obtidos – ou o contrário. Assim, é importante criar metas e estabelecer prazos de acordo com a sua realidade. 

 

3) Hobbies

Este item na verdade é um desdobramento do primeiro: para buscar equilíbrio na sua vida e na sua rotina de estudos, é preciso reservar algum tempo para si mesmo. Não basta dormir sempre que tiver algum tempo livre: ainda que você descanse seu corpo, sua saúde mental ficará prejudicada se sua vida se resumir a acordar, trabalhar, estudar e dormir.

A verdade é que ninguém vive só de trabalho e estudo. Inclusive, seu desempenho será melhor tanto no trabalho quanto nos estudos se você tiver outras coisas em sua vida que trazem satisfação e prazer.

Não importa se você gosta de ler, pintar, dançar, ou jogar RPG: o que importa é se permitir fazer algo que deixe aquela voz que diz que você deveria estar escrevendo quieta por algum tempo. Pense nisso como parte das suas atividades de pesquisa: seu rendimento será muito melhor se você estiver disposto mentalmente.

Muitas vezes, se distrair com um hobbie é uma ótima solução para momentos de bloqueio criativo, ou situações nas quais você se vê parado em determinado ponto da pesquisa, sem conseguir progredir.

 

4) Atividade física

Eu pessoalmente não sou grande fã de esportes e atividades físicas. Entre passar meia hora na esteira, ou meia hora pintando, por exemplo, sempre optaria pela segunda opção em meu tempo livre. No entanto, existem muitos motivos para não negligenciar seu corpo – inclusive razões ligadas à sua saúde mental e estabilidade.

No entanto, a verdade é que atividades físicas fazem com que você durma melhor, reduza o seu stress, controlando o cortisol e as endorfinas, e permitindo liberar energia de uma forma saudável.

Confesso que na maior parte das manhãs é difícil encontrar motivação para sair para a academia, quando a lista de tarefas e prazos parece só crescer. Mas também confesso que, nos dias em que crio coragem para ir correr, me sinto muito mais motivada e disposta durante o resto do dia. Apenas duas horas por semana, para alguém completamente sedentário, podem fazer toda a diferença.

 

5) Amigos e família

Conte com seus amigos e familiares durante os estudos. Conte com eles para sair de casa e se distrair, para conversar sobre dificuldades que você está enfrentando, e, principalmente, para pedir ajuda quando necessário.

Você vai descobrir que muitos dos seus colegas passaram ou passam por situações parecidas com a sua, e poderão dar conselhos valiosos sobre como lidar com o stress dos estudos.

Também conte com os seus colegas para discutir sua pesquisa: peçam opiniões e indicações bibliográficas, revisem os textos uns dos outros, e criem uma rede de apoio. A competitividade entre orientandos é somente um obstáculo para o crescimento pessoal de todos: os resultados são muito melhores, e a pesquisa se desenvolve com muito mais facilidade, quando ajudamos uns aos outros.

 ***

Como disse no início, se sua saúde mental está sendo prejudicada, não deixe de procurar ajuda profissional: conversar com alguém qualificado para isso poderá te ajudar (e muito) a manejar suas expectativas e frustações, e lidar com a pressão dos estudos de uma forma produtiva e saudável.

Mas não deixe de buscar, por conta própria, um equilíbrio no tempo dedicado ao estudo e trabalho, e o tempo reservado para cuidar da sua saúde, seja física ou mental.

A tarefa não é simples, mas, no final, tudo terá valido a pena! Bons estudos!

 

Por Amanda Cunha e Mello Smith Martins

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